“Podem ter demissões em massa”, diz Sindilojas sobre prorrogar decretos

Na próxima quinta-feira, 21 de maio, encerra o prazo de validade do decreto estadual que estabelece o regime de quarentena e isolamento social no Piauí, assim como a suspensão das atividades do comércio e indústria no estado.

No entanto, o governador Wellington Dias anunciou que está estudando a possibilidade de estender a validade do decreto por mais alguns dias. Segundo ele, alguns critérios serão determinantes para a prorrogação ou não do decreto, como o índice de isolamento, que deve ficar acima dos 50%, a taxa de transmissão da doença, que precisa diminuir, e a taxa de ocupação dos leitos hospitalares.

O relaxamento das medidas de isolamento social é defendido por empresários piauienses de diversos setores, alegando que seus rendimentos diminuíram consideravelmente desde que foi publicado o primeiro decreto determinando a suspensão de atividades consideradas não essenciais, ainda no mês de março.

O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Piauí (Sindilojas-PI), Tertulino Passos, informou, em entrevista ao Viagora, que muitos empresários já relataram ter dificuldades para manter os seus negócios e o pagamento de funcionários durante o período da pandemia do coronavírus.

“A situação está a cada dia mais crítica e vai se complicar mais a partir de junho. Todo mundo optou pela suspensão de contrato, por dois meses, e o prazo já encerra agora dia 30 de maio. Vai ficar complicado pagar o salário dos funcionários a partir de junho, porque primeiro que não estão faturando, não tem perspectiva de abertura, isso vai ficar bem complicado”, declarou.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1Presidente do Sindilojas-PI, Tertulino PassosPresidente do Sindilojas-PI, Tertulino Passos.

Tertulino comentou que o Sindilojas-PI tentou estabelecer um diálogo com a Prefeitura de Teresina e o Governo do Estado para tratar sobre a possibilidade de reabertura do comércio, mas que não obteve sucesso.

“Eles não estão abertos à conversação. Tentamos de várias maneiras, mas a última reunião que tivemos foi no mês de abril, na época da Semana Santa. Desde então, tentamos contato por correspondência, mas não chamaram ninguém para conversar. Isso é uma preocupação muito grande. No Brasil inteiro, os governantes chamam o setor produtivo para conversar ou para integrar a comissão, para ter o contraponto. Aqui não. Só tem o setor público lá dentro. Nenhum deles tem diálogo”, disse.

Questionado sobre os efeitos de uma possível prorrogação das medidas de isolamento social no estado, Tertulino Passos afirmou que isso pode gerar demissões em massa.

“Esperamos que comece a reabrir algumas atividades econômicas. Como o ex-prefeito Sílvio Mendes falou, não se pode comparar uma boutique de rua, onde entram uma ou duas pessoas por vez, com uma loja de departamento em shopping, onde acontecem aglomerações. Tem que começar a reabrir. Podem acontecer demissões em massa, e o pior é que serão demissões sem receber, porque as empresas não têm mais dinheiro, não tem de onde tirar”, mencionou.

O presidente do Sindilojas-PI informou ainda que a classe empresarial do Piauí se sentem ignorados pela Prefeitura de Teresina e Governo do Estado.

“Nos sentimos completamentes largados em um sistema totalmente autoritário. Porque se você conversa, você vai entender. O problema é que não tem conversa, nem a prefeitura e nem o governo querem conversar com o setor produtivo. Nós já mandamos protocolos de como deveria ser a reabertura gradual e tudo, nem isso obtivemos resposta”, disse.

Tertulino Passos comentou ainda que a entidade entrou com mandados de segurança na Justiça para tratar sobre a retomada das atividades, mas que todos foram barrados pela Justiça.

“Todos os mandados de segurança que foram impetrados, foram extintos pela Justiça, não dá nem tempo de ir para a instância superior. O Judiciário está extinguindo as ações sem julgamento, simplesmente estão extinguindo o processo”, finalizou.

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